Quando Onde
Ao longo da sua vida, a par de escritos e intervenções públicas, a revolucionária e marxista Rosa Luxemburgo manteve uma correspondência regular com amigos e amantes, companheiros e camaradas, incluindo nos períodos em que esteve presa. Nessas cartas, desenham-se afinidades e contradições entre o quotidiano e a História, a esfera pessoal e a dimensão política (o movimento operário das duas primeiras décadas do século XX, I Guerra Mundial, a Revolução Russa), atravessadas por delicadezas e ferocidades, aversões e interesses (a botânica, a geologia, a ornitologia). Mergulhámos numa leitura paralela desta correspondência e fomos a partir daí. Do conjunto das cartas, cada um de nós recolheu elementos, testou aproximações e desvios, inclinou-se para ouvir interjeições e entrelinhas. O resultado desta tentativa, ainda em curso, de traçar um caminho até à própria Rosa, é uma cartografia parcial, senão mesmo distorcida, mas porventura capaz de transportar a sua singular malha de circunstâncias e obsessões para os terrenos onde nós próprios nos movemos, hoje. A partir do encontro denso que a leitura das cartas nos proporcionou, escrevemos, desenhámos, colhemos frases e imagens, colámos, revisitámos outros textos e livros de Rosa Luxemburgo, fizemos incursões em quem, entretanto, escreveu sobre ela ou para ela. O percurso ainda se vai desenhando. Este “Quando Onde” é o esboço provisório de um dos seus momentos.
vive em Lisboa, onde brinca, desenha, canta, troca as voltas ao tempo e congemina revoluções.
vive em Lisboa, onde traduz, ensina, escreve, ensaia o que os poemas prometem e derruba paredes.